Confuso, preço de autoescola chega a dobrar em SP.

Presidente de sindicato diz que quem cobra baixo não oferece qualidade.

O custo para tirar a carteira de habilitação em São Paulo apresenta variações que podem chegar a até 50% no preço cobrado por autoescolas de diferentes regiões da cidade. Enquanto um curso na Vila Mascote cobra R$ 700 pela carteira de categoria B (condução de veículos leves), outro centro de formação em Perdizes oferece o mesmo serviço por R$ 890, uma diferença de 27%. A distância entre valores chega a quase dobrar quando o interesse é tirar carteira para carro e moto, com preços variando de R$ 900 a R$ 1780.
Os valores são bem menores fora das zonas centrais da cidade. Um mesmo grupo de autoescolas chega a cobrar 26% a mais numa unidade no bairro do Sumaré em comparação com o preço do mesmo curso oferecido na Vila Mangalot, zona Oeste de São Paulo. Mas mesmo em bairros centrais, ter uma concorrente na mesma rua já é o suficiente para diferenciar o preço.
É o caso da autoescola Evolução, em Pinheiros. O proprietário Euclides Nogueira diz que por causa de uma concorrente vizinha de rua, mantém o preço baixo, em R$ 550. Segundo ele, a autoescola “da rua de cima” cobra R$ 750. “Procuro trabalhar com o preço da concorrente ou fazer a diferença na qualidade”, afirma.

Preço baixo x qualidade
Para o presidente do Sindautoescola (Sindicato das Auto Motos Escola e Centro de Formação de Condutores no Estado de São Paulo), José Guedes Pereira, a explicação para a variação de preços está na concorrência desleal feita por alguns cursos, que cobram preços baixos mas não oferecem um serviço de qualidade. “Em São Paulo os preços estão muito abaixo da média nacional e a concorrência é grande”.
Segundo Guedes, os preços dos cursos em São Paulo estão muito aquém do que realmente deveria ser cobrado. “Não sei qual é a mágica. Aumentou a carga horária de aulas práticas e teóricas, e as autoescolas mantiveram os mesmos preços. Algumas até baixaram para concorrer de forma predatória”. Para o presidente do Sindautoescola, o preço mínimo para se oferecer um curso de qualidade deveria ser de R$ 800. Ele afirma que os valores para a obtenção da CNH tendem a aumentar por causa do reajuste de taxas e alta dos insumos.

Confusão Geral
O ‘diferencial de qualidade’ acaba sendo mais um elemento complicador para o consumidor entender o preço cobrado pelos centros de formação de condutores. Algumas autoescolas incluem num mesmo pacote os exames médico e psicotécnico, as aulas teóricas e de legislação, as aulas práticas e serviços como transporte, apostila, etc. Outras cobram tudo separadamente ou com combinações variadas. E os preços para exames médico e psicotécnico e aulas teóricas (o ‘CFC’) também variam.
Para o consumidor, a maior reclamação é o alto preço. A estudante Bárbara Pacheco, de 23 anos, diz que precisa tirar a carteira de motorista urgentemente, mas que se impressiona com os valores cobrados atualmente. “O preço dobrou nos últimos cinco anos. Lembro que quando fiz 18 anos, em 2005, uma amiga pagou R$ 450 para tirar a carta. Acabei não tirando na época. Hoje, chega a custar R$ 1.000”, conta ela.
Euclides Nogueira, dono da autoescola Evolução, confirma que há tendência de alta nos preços das autoescolas. Ele culpa as taxas cobradas pelo governo e as novas exigências do Conselho Nacional de Trânsito – Contran, como aulas práticas à noite. “Com as aulas noturnas, o custo aumentou. Precisamos de mais estrutura, mais funcionários. E as taxas subiram nos últimos seis meses”, diz ele.
Segundo o Departamento de Trânsito de São Paulo – DETRAN, a Tabela C da Secretaria da Fazenda do Estado é que estipula as taxas cobradas pelos serviços de trânsito e para a licença das autoescolas. Instituída por lei estadual, a tabela é a mesma desde 1991. O valor das taxas é fixado em quantidade de Unidades Fiscais do Estado de São Paulo, devendo ser calculado a cada ano.
A variação no preço também pode ser explicada pela concorrência entre grandes centros de formação de condutores e pequenas auto-escolas. Uma resolução do Contran de agosto de 2010, que estabeleceu novas exigências para esses cursos, fez com que muitos deles tivessem de se adaptar. Mas a elevação de gastos acaba se dando de maneira distinta.
“As grandes autoescolas não sofrem com isso [a resolução do Contran]. Agora cada auto-escola deve ter dois carros e duas motos, no mínimo. Eu vou ter que comprar um carro. São as pequenas que ficam ameaçadas de fechar as portas”, diz o proprietário da Evolução, Euclides Nogueira.
O presidente do Sindautoescola, José Guedes, critica a falta de prazo dado para se adaptar às novas exigências do Contran, mas diz que elas vão no sentido de regular melhor a área. “A esperança é que se dê uma depurada no nosso mercado e que fique quem trabalha sério, as verdadeiras escolas de trânsito”.
Para José Guedes, o Estado poderia definir valores médios para que os cursos cobrassem de maneira nivelada. A mesma opinião tem Euclides Nogueira, que defende a estipulação de um valor base. No Brasil, apenas o valor das taxas é estipulado pelo Estado. O preço cobrado pelos cursos de formação de condutores é regulado pelo mercado, sendo que devem ser seguidas diversas exigências do Conatran, como número mínimo de aulas e de veículos.

Pelo Brasil
O preço do curso para tirar a CNH categoria ‘B’ gira em torno de R$ 800 nas grandes cidades das regiões nordeste, sudeste, sul e centro-oeste do Brasil. Em Curitiba, onde foi encontrado o maior custo, uma auto-escola cobra R$ 790 pelo curso completo e R$ 166 para taxas do DETRAN.
Já em Belo Horizonte e em Fortaleza, o candidato a condutor despenderia R$ 780 e R$ 790 ao todo, incluindo taxas e marcação de prova no DETRAN local. As autoescolas de Salvador eram as únicas que não ofereciam os exames médicos e psicotécnicos inclusos no preço do curso, que gira em torno de R$ 600, além de taxas do cobradas à parte, girando em torno de R$ 150.
Em Brasília, um curso de autoescola consultado pela reportagem cobra o valor total de R$ 830. Nas cidades pesquisadas, o valor dos cursos era composto por 45 horas de aulas teóricas, custando em média R$ 150, 20 horas de aulas práticas, por R$ 500 em média, o que inclui taxas, empréstimo de carro para a prova e exame médico e psicotécnico, com valor que gira em torno de R$ 150,00. A maioria afirma que haverá reajuste dos valores a partir de janeiro de 2011.

Dicas ao procurar uma autoescola
O presidente do Sindautoescola dá algumas dicas para o candidato o condutor na hora de procurar um curso para obtenção da CNH.
- O primeiro passo é checar se um curso está credenciado no DETRAN, o que pode ser feito pela internet.
- É importante procurar referências das auto-escolas, saber se prestam serviço de qualidade, oferecendo as 45 horas de aula teórica e 20 horas aula práticas exigidas por lei e aulas extras. “Condicionou-se a aprendizagem ao número de aulas que a legislação determinou. Tem gente que precisa de mais aulas. Tem gente que precisa de menos”, diz José Guedes.
- É essencial exigir um contrato de prestação de serviços indicando os direitos e deveres de ambas as partes, cuidando para que ele seja cumprido. “É um seguro para que a autoescola preste o serviço ao qual ela se comprometeu”, afirma Guedes.

Fonte: Revista Auto Esporte - Autonews 30/12/2010

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